A
indústria automobilística brasileira tem boas perspectivas de crescimento, mas
por outro lado terá que superar grandes desafios nos próximos anos.
Analisando
os aspectos positivos, o Brasil,segundo os gurus da indústria automobilística,
tem potencial para produzir 5 milhões de autoveículos, e atualmente fabrica em
torno de 3,6 milhões. Logo, há potencial inexplorado de 1,4 milhão, equivalente
a uma Inglaterra (1,463 milhão em 2011), ou quase duas Argentinas (828,771 em
2011).
Além
disso, segundo dados da ANFAVEA, no Brasil temos uma relação de 10 carros a
cada 65 habitantes. Nos Estados Unidos, por exemplo, essa relação é de 10
carros para cada 17 pessoas. Portanto, no Brasil, há muita gente fora do
mercado que deverá comprar carros no futuro, desde é claro, que haja
crescimento econômico e o preço dos veículos não suba de preço, pois já são
muito caros quando comparados com outros países.
OGoverno
Federal tem agido pontualmente a fim de manter as vendas do setor aquecidas.
Recentemente, reduziu o Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI,
pressionou os bancos para diminuir juros e tem atendido alguns apelos da
indústria nacional.
Outro
fator que revela a disposição do governo em proteger o setor, foi o recém
anunciado (pela Petrobras) reajuste de preço de 7,83% para a gasolina e 3,94% para o diesel nas
refinarias. Conforme anunciado, o aumento não terá impacto para o consumidor,
porque a equipe econômica zerou a alíquota da Contribuição de Intervenção no
Domínio Econômico (Cide) para os dois combustíveis.
Para
concluir as questões positivas, até agora a crise financeira que se abateu nos
Estados Unidos (em 2010) e agora na Europa, não afetou muito a nossa economia. Graças
em parte ao Brasil ter diversificado o seu comercio exterior. Atualmente, a
China (apesar de ter desacelerado o desempenho econômico, continua crescendo) é
o nosso principal parceiro comercial, alimentando as esperança de que não sejamos
tão afetados com o desaquecimento do outro lado do atlântico.
A
crise financeira europeia pode ter dois efeitos: o primeiro, negativo, do ponto
de vista de que com a economia mundial a cada dia mais conectada, o resfriado
europeu pode virar pneumonia no Brasil. O segundo, pode ser favorável, pois a
medida que o aperto financeiro está reduzindo a venda de carros por lá, as montadoras
poderão investir mais no mercado brasileiro para compensar as perdas.
Um
fator crítico é o endividamento e o perfil das dívidas das famílias
brasileiras, que tem assustado os bancos. Além de ser um recorde, o
endividamento é considerado longo (entre cinco e seis anos de dívidas). Caso a
inadimplência não recue, os agentes financeiros tendem a se tornarem mais
seletivos ainda, o que afetará inevitavelmente as vendas de carros.
Podemos
considerar que outro fator que poderá impactar negativamente o desempenho da
indústria automobilística nacional é o recém criado bloco do Pacífico, em que
Chile, Peru, Colômbia e México se uniram para criar um mercado livre entre
eles. Neste bloco, há em torno de 215 milhões de consumidores, contra 200
milhões no Mercosul. É muito cedo para dizer alguma coisa, mas houve uma
divisão econômica na América Latina e isso poderá alterar o mapa de investimentos
na região.
Diante de tudo isso, a única certeza que se tem é que
o futuro é construído por aqueles que trabalham certo, agem com coragem,
inovação, determinação e ousadia, e não pelos que ficam de braços cruzados.
Então, se houver crise que ela seja econômica e não necessariamente sua.
Pense nisso e ótima semana,
Fontes: OICA, ANFAVEA, IBGE, G1
Evaldo Costa
Escritor, conferencista e Diretor do Instituto das Concessionárias do
Brasil
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