terça-feira, 21 de agosto de 2012

Oportunidades e desafios da indústria automobilística


O ano de 2012 tem tudo para entrar na história da indústria brasileira como o ano dos recordes. Agosto promete registrar o maior volume de vendas de todos os tempos e o ano poderá alcançar uma marca histórica de licenciamento de autoveículos.

O consumidor, apesar das quedas dos indicadores econômicos, continua comprando carros como nunca antes. E pelo que tudo indica, continuará assim por mais algum tempo. Especialmente se o governo renovar, e pelo “andar da corroagem” renovarápor mais uma temporada o benefício do Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI.

É em clima de satisfação com os bons ventos que sopram no setor, que os concessionários de veículos automotores realizarão  neste mês de agosto, em São Paulo, o seu XXII congresso. Em outubro de 2012 será a vez da indústria automobilística se reunir, também em São Paulo, para promover mais um Salão Internacional do Automóvel.

Ambos eventos devem ocorrer em tom de harmonia, até porque não há muito do que se queixar. Porém, olhando para o futuro próximo, o setor tem muito o que refletir, pois nos próximos cinco anos, haverá importantes desafios a serem superados pela indústria no Brasil e exterior.

Estudo recém divulgado da KPMG’s Global Automotive Executive Survey, revela que pelo menos quatro pontos merecerão atenção da indústria automobilística global. São eles:
1 - Aumento da capacidade da produção Global;
2 – Restrições e endurecimento das regras;
2 - As questões ambientais terão maior prioridade;
3 – As marcas asiáticas deverão ganhar marketshare.

O estudo da KPMG revela que a capacidade de produção global deverá superar cem milhões de autoveículos em 2016. A china, locomotiva da Ásia, que atualmente tem capacidade excedente de seis milhões, passará para nove milhões, ou seja, a capacidade ociosa deles será mais de duas vezes a produção brasileira.Isso é importante, pois aquele que tiver maior capacidade de produção terá mais chances de reduzir custos fixo, crescer e proporcionar maior rentabilidade.

Um outro ponto a ser considerado será o endurecimento das regras de governo (especialmente nos BRIC’s) que terão que equilibrar o saldo da balança comercial. Portanto, os países passarão a aumentar a pressão para que a indústria produza localmente, a fim de garantir emprego. Isso poderá onerar o custo de produção e a competitividade de algumas marcas. Além disso, países em desenvolvimento, a exemplo do Brasil, terão necessidade de custear a máquina pública com aumento de arrecadação, já que ela está a cada dia mais inchada.

As restrições ambientais é outro fator a ser observado com atenção, pois estará a cada dia mais  exigindo que os veículos sejam mais econômicos e menos poluidores. Isso vai se traduzir em mais investimentos em pesquisa e desenvolvimento, e poderá mudar o mapa de market share global dos fabricantes.

Finalmente, o fortalecimento das marcas asiáticas deve influenciar significativamente alguns mercados. O mercado brasileiro, por exemplo, que durante décadas foi dominado por marcas dos Estados Unidos, vem gradativamente diminuindo a hegemonia dos fabricantes norte americanos. As marcas asiáticas deverão crescer e abocanhar boa parte do mercado nacional de autoveículos.

Tanto a indústria quanto a distribuição terão que repensar os seus negócios se quiserem se manter competitivos. Tudo aponta para o aumento da produção de autoveículos globalmente, indicando portanto mais oportunidades de crescimento para os componentes da cadeia automobilística.
Porém, não há nenhuma garantia de que todos serão bem sucedidos. A única certeza que se pode ter é que aquele que não se reinventar, alinhando-se as exigências dos novos tempos, provavelmente não terá muito que comemorar no futuro próximo.
Ótima semana,

Evaldo Costa
Escritor, conferencista e Diretor do Instituto das Concessionárias do Brasil
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