O ano
de 2012 tem tudo para entrar na história da indústria brasileira como o ano dos
recordes. Agosto promete registrar o maior volume de vendas de todos os tempos e
o ano poderá alcançar uma marca histórica de licenciamento de autoveículos.
O
consumidor, apesar das quedas dos indicadores econômicos, continua comprando
carros como nunca antes. E pelo que tudo indica, continuará assim por mais
algum tempo. Especialmente se o governo renovar, e pelo “andar da corroagem” renovarápor
mais uma temporada o benefício do Imposto Sobre Produtos Industrializados –
IPI.
É em
clima de satisfação com os bons ventos que sopram no setor, que os
concessionários de veículos automotores realizarão neste mês de agosto, em São Paulo, o seu XXII
congresso. Em outubro de 2012 será a vez da indústria automobilística se reunir,
também em São Paulo, para promover mais um Salão Internacional do Automóvel.
Ambos
eventos devem ocorrer em tom de harmonia, até porque não há muito do que se
queixar. Porém, olhando para o futuro próximo, o setor tem muito o que refletir,
pois nos próximos cinco anos, haverá importantes desafios a serem superados
pela indústria no Brasil e exterior.
Estudo
recém divulgado da KPMG’s Global Automotive Executive Survey, revela que pelo
menos quatro pontos merecerão atenção da indústria automobilística global. São
eles:
1 - Aumento
da capacidade da produção Global;
2 –
Restrições e endurecimento das regras;
2 - As
questões ambientais terão maior prioridade;
3 – As
marcas asiáticas deverão ganhar marketshare.
O
estudo da KPMG revela que a capacidade de produção global deverá superar cem
milhões de autoveículos em 2016. A china, locomotiva da Ásia, que atualmente
tem capacidade excedente de seis milhões, passará para nove milhões, ou seja, a
capacidade ociosa deles será mais de duas vezes a produção brasileira.Isso é importante,
pois aquele que tiver maior capacidade de produção terá mais chances de reduzir
custos fixo, crescer e proporcionar maior rentabilidade.
Um
outro ponto a ser considerado será o endurecimento das regras de governo (especialmente
nos BRIC’s) que terão que equilibrar o saldo da balança comercial. Portanto, os
países passarão a aumentar a pressão para que a indústria produza localmente, a
fim de garantir emprego. Isso poderá onerar o custo de produção e a
competitividade de algumas marcas. Além disso, países em desenvolvimento, a
exemplo do Brasil, terão necessidade de custear a máquina pública com aumento
de arrecadação, já que ela está a cada dia mais inchada.
As restrições
ambientais é outro fator a ser observado com atenção, pois estará a cada dia mais
exigindo que os veículos sejam mais
econômicos e menos poluidores. Isso vai se traduzir em mais investimentos em
pesquisa e desenvolvimento, e poderá mudar o mapa de market share global dos fabricantes.
Finalmente,
o fortalecimento das marcas asiáticas deve influenciar significativamente
alguns mercados. O mercado brasileiro, por exemplo, que durante décadas foi
dominado por marcas dos Estados Unidos, vem gradativamente diminuindo a
hegemonia dos fabricantes norte americanos. As marcas asiáticas deverão crescer
e abocanhar boa parte do mercado nacional de autoveículos.
Tanto
a indústria quanto a distribuição terão que repensar os seus negócios se
quiserem se manter competitivos. Tudo aponta para o aumento da produção de
autoveículos globalmente, indicando portanto mais oportunidades de crescimento
para os componentes da cadeia automobilística.
Porém,
não há nenhuma garantia de que todos serão bem sucedidos. A única certeza que
se pode ter é que aquele que não se reinventar, alinhando-se as exigências dos novos
tempos, provavelmente não terá muito que comemorar no futuro próximo.
Ótima semana,
Evaldo Costa
Escritor, conferencista e Diretor do Instituto das Concessionárias do
Brasil
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