quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Salão do automóvel entrar para a história


Quando a presidente Dilma Rousseff, abriu o 27º salão do automóvel de São Paulo e anunciou, para a comemoração dos presentes, a prorrogação da redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) até o final de 2012, pode ser que, nas entrelinhas, tenha dado mais um recado.

O 27º salão ocorre em cenário favorável a indústria automobilística. A economia brasileira continua crescendo, o índice de desemprego de 5,2% é um dos menores já registrado no país, as taxas de juros nunca foram tão baixas, o crédito ao consumidor flexível e o governo mostrando disposição para proteger o setor com incentivos via redução de imposto, barreiras as importações e vasto crédito ao consumidor através da Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.

Além disso, as atuais limitações das exportações e a queda das vendas de autos nos mercados mais maduros, bem como as recentes crises norte americana e européia, têm contribuído para que o Brasil consolide a posição de quarto maior mercado automobilístico global. Daí, as razões das montadoras estarem priorizando o mercado doméstico.

Porém, a boa fase do setor e da economia brasileira está atraindo novos competidores, que na impossibilidade de conquistar o nosso mercado via importação, estão montando suas fábricas em solo brasileiro. Logo, daqui a cinco anos provavelmente teremos um quadro de market share bem diferente do registrado nos dias atuais.

Aliás, está edição do Salão do Automóvel de São Paulo, conta com a presença de 38 grandes montadoras e quase 900 carros em exposição. O evento cresceu tanto que o Centro de Exposições Anhembi está ficando pequeno. Um outro recorde registrado, foi a presença em massa dos presidentes das montadoras. Em nenhuma outra ocasião tivemos tantos líderes da indústria automobilística juntos em um evento brasileiro.

Para as montadoras, o momento é de mostrar as novidades e comemorar os bons volumes de vendas de 2012. Porém, por de trás da mensagem de suporte e otimismo da presidente Dilma, pode haver um alerta de que o setor está navegando em águas calmas, mas que ninguém se iluda, pois pegando emprestadas as suas palavras, “o Brasil não está imune as crises que afetam outras regiões”. O fato é: quando ela chegar, pode até não vir em forma de Tsunami, mas “marolinha” também não será.

Quem visitou o 27º salão do automóvel em São Paulo nos últimos dias, seguramente  testemunhou carros maravilhosos e, também, um calor insuportável. Exceto para quem estava no interior dos estandes, onde o ar condicionado cria uma sensação de paraíso. A indústria sabe muito bem que enquanto der para ficar no bem bom do ambiente refrigerado, será ótimo. Porém, quando não der mais o jeito será encarar as altas temperaturas do ambiente externo. Mas isso é outra história.

Ótima semana,

Evaldo Costa
Escritor, conferencista e Diretor do Instituto das Concessionárias do Brasil
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