terça-feira, 21 de agosto de 2012

Calote restringe o crédito, breca vendas, e consórcio não socorrerá


Financiar um carro não é mais tão fácil como foi até o último trimestre do ano passado. O aperto nas novas concessões de crédito pode ser reflexo do aumento docalote, que provavelmente está tirando o sono dos agentes financeiros.

O fato é que a inadimplência acima de 90 dias, de acordo com dados da ANEF, vem crescendo desde 2004, quando a taxa foi de 2,1%. Os anos de 2008 e 2009 tiveram taxas acima de 4%, mas em 2010 ela recuou para 2,5%. Porém, em 2011, pela primeira vez na década, a taxa de inadimplência alcançou inesperados 5% (ver evolução da inadimplência no gráfico ao lado).


Naturalmente, os agentes financeiros buscam mais garantia do cliente no ato de liberar um novo financiamento. O mais comum é a exigência do aumento do sinal de forma a reduzir o montante financiado e a exigência de fiador. Atualmente, é pouco provável que algum cliente consiga obterfinanciamento de 100% do valor do veículo, algo plenamente possível de se conseguir em outros anos.

E não se pode dizer que os financiamentos estão reduzindo, poisna verdade vem aumentando bastante. Em 2004, o total de crédito do sistema financeiro, segundo dados do BACEN, alcançou 24,5% do PIB, e em 2011, contabilizou 49,1%. Apesar disso, a atual restrição de crédito, caso permaneça, deverá afetar significativamente o desempenho das vendas de carros.

O aperto na concessão de crédito poderá ser, desta vez, ainda mais complicado para as montadoras, pois elas não podemmais contar com o socorro do consórcio. Em 2000, a vendas de carros pelo consórcio representava mais de 15%. De lá para cá,ela veio reduzindo e fechou 2011 com apenas 7% (ver gráfico ao lado).

Desta vez, parece não haver muitas alternativas. O jeito, caso a situação se agrave, será criar promoção com descontos no preço de veículo. Recorrer a antiga prática de super valorização do carro usado, parece não ser aconselhável, uma vez que a restrição de crédito atingeprincipalmente o setor de autos usados.

Pelo menos três certezas podemos ter: não é a primeira nem a última vez que algo assim acontece. Em segundo, a qualidade dos produtos e os preços estão nivelados. Finalmente, fica a certeza de que a montadora que tiver equipes de vendas e marketing melhores, preparadas vencerão a batalha pelo ganho de marketshare.

Pense nisso e ótima semana,

Fonte: BACEN e ANEF.

Evaldo Costa
Escritor, conferencista e Diretor do Instituto das Concessionárias do Brasil
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