quarta-feira, 8 de maio de 2013

Autoindústria pisa fundo no acelerador, mas a curva se aproxima


Não é preciso ser economista para afirmar que o Brasil precisa urgentemente reduzir a carga tributária, especialmente dos autoveículos, que é a mais elevada entre os países emergentes (site Revista Veja em 05/05/2013). Se alguém no governo ainda tinha dúvidas de que reduzir os impostos e desonerar a folha de pagamento (especialmente da indústria), é uma medida acertada, deixou de ter com os resultados das vendas de autoveículos de Abril de 2013.

Nos últimos doze meses, o governo atuou acertadamente junto a indústria brasileira, fornecendo desconto no Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI, e desonerando a folha de pagamento de alguns segmentos. O setor de veículos automotores é uma prova irrefutável, de que sempre que o benefício foi concedido, as vendas reagiram e todos os agentes envolvidos, especialmente os consumidores, saíram ganhando.

O mês passado, por exemplo, foi o melhor Abril da história da indústria automobilística brasileira. As Vendas, segundo os dados da Fenabrave, cresceram 29,4%, em relação ao mesmo mês do ano anterior. No primeiro quadrimestre do ano, se comparado com o mesmo período do ano anterior, elas cresceram 8,2%. O que quer dizer que o desempenho do setor automobilístico, foi em torno de oito vezes superior ao Produto Interno Bruto – PIB brasileiro, no mesmo período.

Os indicadores revelam que a enorme e iníqua carga tributária, é um dos principais entraves do crescimento do país. Será que teremos mais uma década perdida? O que é no mínimo interessante, é constatar que apesar do assunto ser amplamente conhecido e debatido, a administração pública parece agir na contramão, porquanto os impostos, ao invés de reduzirem, continuam subindo um pouco mais a cada governo.

Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário – IBPT, a carga tributária brasileira cresceu para 36,27% do PIB, fazendo com que a receita do governo federal registrasse recorde em 2012, quando arrecadou R$ 1,59 trilhão. E não são apenas as empresas que estão sendo oneradas. A pessoa física tem pago a cada ano, mais Imposto de Renda. O total arrecadado pelo Leão entre 2008 e 2012 passou de R$ 4,9 bilhões para R$ 6,6 bilhões (Jornal o Globo dos dia 03/05/2013).

Diante disso, todos temos que torcer para que não haja nenhuma crise financeira externa que possa nos afetar, pois se isso ocorrer será um desastre de proporção imensurável. Afinal de contas, o país aumentou enormemente as suas despesas, exigindo mais arrecadação. A guisa de ilustração, somente o gasto com pessoal da administração pública federal, aumentaram 133% nos últimos oito anos (Ag Brasil pulicada na N1 News de 05/05/2013).

“Há muitas formas de ficar rico no Brasil, uma delas é ser funcionário público. Recentemente, um servidor do governo de São Paulo foi remunerado, em um único mês, em R$361,500,00. Muitas outras funções públicas pagam mais do que cargos similares em país desenvolvido, como é o caso dos Estados Unidos,” garante matéria do Jornal New York Times de 06/05/2013.

Além do mais, as famílias brasileiras estão endividadas como nunca antes, ou seja, compraram com o dinheiro do banco, e para piorar os juros voltaram a subir. O Banco Itaú cobra no cheque especial taxa de 152,81% ao ano, o Bradesco 159,02% e o Citibank 214,06% (BCB em 05/05/2013). A inflação de 6,50% acumulada em doze meses, esbarra no teto da meta do governo.

Os preços dos alimentos estão subindo, e o país sofre como nuca antes, com problemas de falta de logística, infraestrutura e mão-de-obra qualificada. Temos a terceira energia elétrica mais cara do mundo, e elevado índice de improdutividade na indústria. Tudo isso faz com que o Brasil perca competitividade e tenha que recorrer as importações de manufaturados.  

O saldo da balança comercial em Abril/2013, registrou déficit histórico de US$994 milhões, e no acumulado do primeiro quadrimestre de 2013, o déficit foi de US$6,2 bilhões (Jornal Folha de São Paulo de 03/05/2013). Em 2006 o Brasil registrava superávit comercial de US$5,2 bilhões, chegando em dezembro de 2012, com déficit de US$94,9 bilhões (Jornal O Globo de 06/05/2013).  

Diante do exposto, nos resta continuar trabalhando com afinco e otimismo; torcer para que as vendas de outros setores cresçam como as de autoveículos; a taxa de desemprego continue baixa; a inflação, os preços e os impostos recuem, para que o Brasil “faça as curvas”, que fatalmente surgirão, sem perder o rumo da prosperidade.

Pense nisso e ótima semana,

Evaldo Costa
Escritor, conferencista e Diretor do Instituto das Concessionárias do Brasil
Blog: verdesobrerodas.com.br
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