Havia muita
expectativa sobre a recente divulgação do regime automotivo brasileiro. As
novas regras, naturalmente não agradam a todos os lados, até porque isso seria
impossível.
Na prática
as montadoras já instaladas no país não devem ter muito do que reclamar. Ao
contrário disso, devem estar bem satisfeitas, pois o que delas foram exigidas
não é nada que não possa ser cumprido. Por exemplo, fabricar carros mais
econômicos é uma realidade que elas já enfrentam, por exemplo, na Europa,
Estados Unidos e Japão. Logo, já existem investimentos e resultados que atendem
e até superaram tal demanda.
Os
importadores de pequenos volumes serão afetados em escala menor, porém os que
importavam grandes volumes serão bastantes afetados, pois há limitação de 4.800
unidades para obtenção do benefício da redução da alíquota do Imposto Sobre
Produtos Industrializados – IPI.
Uma pena
ter ficado de fora os veículos híbridos e elétricos. Naturalmente, o governo
deve estar preparando algo específico para este segmento. Outro ponto que
poderia ter sido incluído no novo regime, e é lamentável que não tenha sido, é
o Etanol brasileiro.
E o
consumidor? É muito cedo para dizer se ele será beneficiado com carros
melhores, mais econômicos e redução de preço. Na prática o que faz o preço cair
é quase sempre a concorrência de mercado, e essa o novo regime inibiu.
Porém, não
se pode afirmar que não haverá concorrência ainda maior, pois com o Brasil
ocupando a quarta posição no ranking dos maiores mercados globais (ficando
atrás apenas da China, Estados Unidos e Japão), novos fabricantes foram
atraídos nos últimos anos, e outros certamente chegarão.
Por mais
que a atenção esteja focada nas mudanças, em apontar os ganhos e as perdas dos
agentes envolvidos, é bom lembrar que o Brasil é um país grande que continua
crescendo e oferecendo muitas possibilidades de investimentos. Neste contexto,
as grandes corporações de todas as partes, especialmente as que buscam
ampliação de penetração de mercado, estão de olho em nosso país, até porque não
há tantas boas alternativas assim em outras partes do globo terrestre.
A China,
por exemplo, tem muitos fabricantes e, provavelmente, pelas características
mercadológicas terá mais vantagens investindo no Brasil e na Índia do que na
Europa e Estados Unidos, onde a concorrência é acirrada e as margens de ganho muito
mais apertadas.
As
montadoras japonesas, coreanas, europeias e dos Estados Unidos, possuem plantas
ou parcerias em várias partes do mundo, daí o interesse em produzir no Brasil
para exportar pode não ser muito interessante. Logo, para elas o foco no Brasil
continuará sendo o mercado doméstico.
Essa mesma
lógica não serve para boa parte das montadoras, por exemplo, da China e Índia
que podem ver no Brasil o caminho mais curto e rápido para exportar seus
produtos e, naturalmente, crescer no mercado interno.
O fato é
que independente de qual seja o quadro, quem tem mais a ganhar ou perder com o
novo regime automotivo, não são necessariamente aqueles que aparentemente foram
beneficiados ou prejudicados. Mas sim, sobretudo, os que souberem se adaptar e
tirar proveito das novas oportunidades que sempre surgem nas mudanças.
Pense nisso
e ótima semana,
Evaldo Costa
Escritor, conferencista e Diretor do Instituto das
Concessionárias do Brasil
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