O
mercado brasileiro de automóveis e caminhões está em baixa e a situação poderá
se agravar ainda mais. Aproximadamente seis meses atrás,o Governo Federal
demonstrava preocupação com a crescente onda de importação de veículos
automotores e valorização do Real frente ao Dólar, contribuindo para a redução
da competitividade do produto nacional no mercado global, e equilíbrio da
balança comercial.
A saída
encontrada foi tentar limitar a importação de veículos. Então, sobretaxou
automóveis e caminhões, entre outros, com alíquota de 30%. Naturalmente, o
valor limitou o desempenho das vendas de importados, que enquanto contava com
estoques antigos, conseguiu manter o bom desempenho de 2011.
Naturalmente,
por trás da medida havia a louvável expectativa por parte do governo de
“pressionar”para que as montadoras de veículos, especialmente as que estavam
apenas se beneficiando das exportações para o Brasil, investisse em fábricas
para produzir no território nacional gerando empregos e impostos.
No
entanto, alguns ouros fatores previsíveis ou não, ocorreram contribuindo para a
queda das vendas de veículos e desaquecimento de outros mercados. Um exemplo
disso foi a desvalorização do real frente ao dólar.
Seis
meses atrás, quando o governo sobretaxou os importados, se você fosse ao banco
comprar dólar para viajar teria pago, como eu paguei, na casa dos 1,70. Fazendo
o mesmo hoje, pagará em torno de 2,06. A defasagem está na casa dos 21%, que se
somada aos 30% do aumento da alíquota do IPI – Imposto Sobre Produtos
Industrializados, inviabiliza qualquer negócio.
Outro
fator não menos importante foi a restrição ao crédito. Temendo calote do
consumidor, especialmente, para financiamento de veículos, os bancos tiraram o
pé do acelerador e restringiram novas concessões. Para reduzir os riscos de
perdas, os agentes financeiros passaram a escolher clientes, concedendo crédito
apenas aqueles que oferecem garantias reais de pagamento.
Tudo
isso é incipiente e não se pode prever as consequências. Porém, caso o governo
não ajuste a rota (reduzindo, por exemplo, o IPI), e as vendas não se
recuperarem, as montadoras vão alegar não poder honrar as promessas de novos
investimentos.A produção tende a diminuir, já que não há mercado externo capaz
de absorve-la , ocorrerão demissões e, sem a concorrência dos importados,o
preço dos veículos tende a subir.
O
ditado é antigo, mas a situação é atual: o governo atirou no que queria e acertou
o que não queria. A tendência é que a redução das vendas deverá reduzir
arrecadação de impostos, provocar desaquecimentoda economia, e podendo
comprometer as contas públicas.Uma vez mais, o brasileiro na condição de
consumidor ou contribuinte pagará a conta.
Pense nisso e ótima semana,
Evaldo Costa
Escritor, conferencista e Diretor do Instituto das Concessionárias do
Brasil
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