sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Crise grega afetará vendas de carros no Brasil?



Não somos independentes como pode pensar uma pessoa menos atenta aos problemas globais. Os mercados, a economia e os governos já não funcionam isoladamente. Um resfriado da Europa pode causar pneumonia na América Latina ou em qualquer outra parte do mundo. Os fatos revelam que tanto a Europa quanto os Estados Unidos, sempre lembrados como exemplo de desenvolvimento econômico e bem-estar social, agora tem suas imagens associadas a crises financeiras, turbulências de mercado, desemprego, riscos de calotes, rebaixamento do risco de investimento etc.

Quem poderia imaginar, por exemplo, que a Grécia berço da filosofia, com os maiores pensadores de todos os tempos dedicando suas vidas para evidenciar ao mundo novas formas de pensar a sociedade, estado e governo. Onde desde a idade do Bronze (c.300 – c1200 A.C), floresceram civilizações dominadoras (minoana e miceniana) equeno Renascimento (séc. IX-VIII- séc. I A.C.) colonizou quase todo o mundo mediterrâneo e das costas ocidentais da Ásia Menor (povos da Hélade), poderia estar hoje a beira da bancarrota, justamente por incapacidade na gestão do estado?

Quem poderia imaginar que os romanos (753 a.C. – 476 d.C.), uma civilização que se desenvolveu a partir da cidade-estado de Roma, fundada na Península Itálica durante o século VIII a.C. se transformou num vasto império que dominou toda a Europa Ocidental, poderia estar hoje precisando de socorro para reerguer a economia do país?

Quem poderia imaginar que aqueles que sempre disseram como gerir o estado forte, são justamente os que precisam que lhes digam como fazê-lo? Quem poderia imaginar que uma pequena empresa no interior do menor estado brasileiro poderia ter seu negócio afetado ou até inviabilizado pelos problemas de má gestão de governos do outro lado do Oceano Atlântico?

Pois, é exatamente isso que está acontecendo, semana passada eu conversava com um pequeno concessionário de veículos de carros importados numa cidade do estado do Sergipe e ele disse que o aumento do dólar reduziu seus ganhos em mais de 30% e que a situação poderá piorar ainda mais em dezembro quando o aumento do IPI – Imposto Sobre Produtos Industrializados, for implementado.

A verdade é que, mantida a legislação que aumenta o IPI, e caso o dólar não recue para o patamar de 1,7, a venda de carros importados no Brasil deverá mesmo sofrer importante impacto. Esperamos, no entanto, que essa hipótese não se materialize, que o Brasil aprenda com os maus exemplos dos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), continue crescendo, que a indústria automobilística nacional invista no desenvolvimento de veículos modernos e que o brasileiro possa contar com ampla opção de compra, como ocorre em qualquer país desenvolvido.

Pense nisso e ótima semana,

Evaldo Costa
Escritor, conferencista e Diretor do Instituto das Concessionárias do Brasil
E-mail: evaldocosta@evaldocosta.com
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