O brasileiro
nunca havia comprado tantos carros importados, como comprou nos dois primeiros
anos desta década. Em Dezembro de 2011, foi registrado recorde de vendas de veículos
importados no Brasil, quando foram licenciados 94,2 mil unidades.
Em
16/12/2011, o governo percebeu que se não fizesse nada para impedir, o volume
de vendas continuaria aumentando. Pressionado pelo impacto negativo na balança
comercial, não pensou duas vezes, e elevou a taxa do Imposto Sobre Produtos
Industrializados – IPI, em 30 pontos percentuais, na certeza de que a demanda
recuaria.
No
entanto, a cotação do dólar continuava favorável (em torno de 1,7 reais para
cada dólar) e as vendas mantinham-se em patamar elevado para as expectativas do
governo. A media mensal de vendas de importados em 2012, foi de 66,3 mil
unidades, contra 71,5 do ano anterior.
O
consumidor aproveitava o momento favorável da economia nacional, com a moeda
brasileira valorizada e estável, taxa de juro atrativa e crédito farto, para
comprar carro importado. As vendas cresceram significativamente, a ponto de em
Dezembro de 2011, representarem 27 por cento das vendas totais (em Junho de
2013, foi de 19,6 por cento), um recorde que entrou para a história da indústria
automobilística nacional.
Para
garantir que as importação estabilizasse em patamar desejado, além do aumento
do IPI, o governo impôs cotas de importação. Então, mesmo que a cotação do
dólar se mantivesse favorável, as vendas fatalmente cairiam. Porém, nem
precisava se preocupar tanto com elas, pois no decorrer de 2013, houve
desvalorização acentuada do Real frente ao Dólar, chegando ao patamar de R$2,20
para U$1,00.
Naturalmente,
o aumento em torno de 29,4 por cento na variação do dólar (entre Janeiro de
2012 e Junho deste ano), mais o IPI de 30 pontos, adicionando o sistema de
cotas, aumento dos juros e retorno da inflação, só podia mesmo resultar em
queda das vendas. No acumulado de Janeiro a Junho de 2013, foram licenciados no
mercado interno 54.506 veículos importados, contra 70.963 unidades em igual período do ano
anterior, representando recuo de 30,1 por cento.
O fato é
que o quadro mudou, e o proprietário de carro importado poderá ter “dor de
cabeça.” Com o dólar em alta, o preço das peças de reposição deverá pesar no
bolso no momento da manutenção. Isso sem levar em conta, a possibilidade de
falta de alguns itens, pois o desaquecimento das vendas, combinado com o
aumento dos juros, câmbio desfavorável, inflação alta e incertezas na economia,
costumam afastar investimentos em estoques.
Mas nem
tudo esta perdido, pois o crescimento das vendas de importados atraíram novos
fabricantes, a exemplo da Hyundai. Além disso, algumas montadoras que já
operavam no mercado brasileiro, investiram em novos modelos de entrada, como é
o caso do Toyota com o Etios e a Nissan com o March, mais sofisticados do que
alguns de seus tradicionais concorrentes.
O
resultado deverá ser o aumento da competição entre os modelos mais vendidos no
mercado doméstico e, a partir do próximo ano, o consumidor deverá perceber
melhor os efeitos, com possível realinhamento de preço, aumento da qualidade
dos carros e mais oferta de opcionais de fábrica. Que assim seja!
Ótima semana,
Evaldo
Costa
Escritor,
conferencista e Diretor do Instituto das Concessionárias do Brasil
Blog: verdesobrerodas.com.br
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