A indústria
automobilística brasileira está embalada e, aparentemente, o caminho continuava
livre para mais um ano de recordes de vendas e lucros. Tudo parecia perfeito, a
economia fortalecida, sem greves nas fábricas, o governo apoiando e o consumidor
comprando como nunca antes.
No
entanto, neste trecho da estrada, iminente ameaça de tempestade poderá causar grandes
transtornos. Estamos falando das manifestações populares difusas, que na última
semana varreu o país e ainda não sabemos se irão continuar e nem quais serão os
desdobramentos.
É até
possível que o movimento não afete as vendas de veículos automotores, mas temos
que concordar que há outros indicadores desfavoráveis que mais parece a Caixa
de Pandora. Nada que a indústria não possa superar, pois ao longo da sua
história no Brasil, não foram poucos os desafios vencidos.
Apenas
para recordar alguns, em 1987 as vendas de autoveículos caíram quase 50% em
relação ao ano anterior, em função do conjunto
de medidas econômicas, denominado como Plano Cruzado, lançado pelo então
presidente José Sarney. Já em 1989, a indústria automobilística brasileira
vendeu 1,5 milhão de unidades, e no ano seguinte contabilizou queda, licenciando
apenas 1,2 milhão da autoveículos. A causa foi a reforma econômica para combater
a inflação, implementada pelo então presidente Fernando Collor de Mello, mais
conhecido como Plano Collor.
Ao final, os dois eventos fizeram muito bem a
indústria automobilística nacional, que em 1991 vendeu 764 mil autoveículos e
vinte anos depois (2012) multiplicou as suas vendas por cinco, e alcançou
licenciamento de 3,8 milhões de unidades. Naturalmente, a história da indústria
registra outros momentos críticos, mas todos bem diferentes. Porquanto, havia o
consórcio que garantia significativo volume de vendas, demanda reprimida e
baixa competição na indústria.
Além disso, desta vez, a indústria automobilística está
operando a todo vapor e com apetite para crescer ainda mais. Recebe incentivo direto
do governo federal que subsidia a produção e a gasolina está com preço abaixo
do valor real, ajudando as vendas de autos.
Como se não bastasse, o Real está se desvalorizando
rapidamente em relação ao dólar norte-americano, os juros e a inflação subindo,
as famílias endividadas como nuca antes (44,23% foi o nível de endividamento
das famílias em Abril de 2013) e a inadimplência começa a assustar os agentes
financeiros. No entanto, o pior de tudo, poderá ser a insegurança do investidor
e consumidor na economia, agravando ainda mais a fuga de investimentos, redução
das reservas, queda da Ibovespa (encontra-se com menor desempenho dos últimos
três anos) e do consumo.
É bom lembrar que desta vez, há muito mais marcas de
carros competindo no mercado brasileiro, e a concorrência nos modelos de
entrada (que dominam as vendas), cresceu e continuará aumentando nos próximos
três anos. Diante de tantas possibilidades, uma certeza podemos ter, a
indústria automobilística brasileira continuará evoluindo, mas não para todos
os competidores. Neste novo cenário, o consumidor deve ficar atento, pois as
oportunidades para fazer boas compras começam a surgir, basta ficar antenado às
promoções e fazer valer a sua habilidade de exímio negociador.
Pense
nisso e ótima semana,
Evaldo Costa
Escritor,
conferencista e Diretor do Instituto das Concessionárias do Brasil
Blog: verdesobrerodas.com.br
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