quarta-feira, 26 de junho de 2013

Poderão as manifestações populares afetarem as vendas de carros?


A indústria automobilística brasileira está embalada e, aparentemente, o caminho continuava livre para mais um ano de recordes de vendas e lucros. Tudo parecia perfeito, a economia fortalecida, sem greves nas fábricas, o governo apoiando e o consumidor comprando como nunca antes.

No entanto, neste trecho da estrada, iminente ameaça de tempestade poderá causar grandes transtornos. Estamos falando das manifestações populares difusas, que na última semana varreu o país e ainda não sabemos se irão continuar e nem quais serão os desdobramentos.

É até possível que o movimento não afete as vendas de veículos automotores, mas temos que concordar que há outros indicadores desfavoráveis que mais parece a Caixa de Pandora. Nada que a indústria não possa superar, pois ao longo da sua história no Brasil, não foram poucos os desafios vencidos.

Apenas para recordar alguns, em 1987 as vendas de autoveículos caíram quase 50% em relação ao ano anterior, em função do conjunto de medidas econômicas, denominado como Plano Cruzado, lançado pelo então presidente José Sarney. Já em 1989, a indústria automobilística brasileira vendeu 1,5 milhão de unidades, e no ano seguinte contabilizou queda, licenciando apenas 1,2 milhão da autoveículos. A causa foi a reforma econômica para combater a inflação, implementada pelo então presidente Fernando Collor de Mello, mais conhecido como Plano Collor.

Ao final, os dois eventos fizeram muito bem a indústria automobilística nacional, que em 1991 vendeu 764 mil autoveículos e vinte anos depois (2012) multiplicou as suas vendas por cinco, e alcançou licenciamento de 3,8 milhões de unidades. Naturalmente, a história da indústria registra outros momentos críticos, mas todos bem diferentes. Porquanto, havia o consórcio que garantia significativo volume de vendas, demanda reprimida e baixa competição na indústria.
 
Além disso, desta vez, a indústria automobilística está operando a todo vapor e com apetite para crescer ainda mais. Recebe incentivo direto do governo federal que subsidia a produção e a gasolina está com preço abaixo do valor real, ajudando as vendas de autos.

Como se não bastasse, o Real está se desvalorizando rapidamente em relação ao dólar norte-americano, os juros e a inflação subindo, as famílias endividadas como nuca antes (44,23% foi o nível de endividamento das famílias em Abril de 2013) e a inadimplência começa a assustar os agentes financeiros. No entanto, o pior de tudo, poderá ser a insegurança do investidor e consumidor na economia, agravando ainda mais a fuga de investimentos, redução das reservas, queda da Ibovespa (encontra-se com menor desempenho dos últimos três anos) e do consumo.

É bom lembrar que desta vez, há muito mais marcas de carros competindo no mercado brasileiro, e a concorrência nos modelos de entrada (que dominam as vendas), cresceu e continuará aumentando nos próximos três anos. Diante de tantas possibilidades, uma certeza podemos ter, a indústria automobilística brasileira continuará evoluindo, mas não para todos os competidores. Neste novo cenário, o consumidor deve ficar atento, pois as oportunidades para fazer boas compras começam a surgir, basta ficar antenado às promoções e fazer valer a sua habilidade de exímio negociador.

Pense nisso e ótima semana,

Evaldo Costa

Escritor, conferencista e Diretor do Instituto das Concessionárias do Brasil
Blog: verdesobrerodas.com.br
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