Luiz Moan Yabiku Júnior, presidente
da ANFAVEA, disse na abertura
do 9º
Congresso Latino Americano de Veículo Elétrico, no dia 11 de Setembro de 2013,
no Center Norte, em São Paulo, que
“Não basta ser o quarto maior mercado do mundo, e ser apenas o sétimo maior produtor.
É incompatível.”
Moan, defendeu o aumento da produção da
indústria automobilística brasileira, o desenvolvimento da indústria de
autopeças, e a importação de veículos elétricos e híbridos até 2017. Para ele,
a produção de veículos a célula de combustível deverá crescer e surpreender.
Moan, defendeu ainda o apoio do governo na abertura do mercado para as novas
tecnologias. Para ele “o consumidor brasileiro deve ter opções amplas de
escolha, e decidir o que deseja comprar.”
Ele acha normal, o tempo que os veículos
elétricos estão levando para firmarem posição no mercado. Para defender seu
ponto de vistas, lembrou que o carro flex começou a ser desenvolvido em 1994,
foi lançado apenas em 2003, e atualmente, conta com mais de 20 milhões de
unidades nas ruas.
Após a solenidade de abertura, Moan
conversou com o VerdeSobreRodas, foi atencioso, cordial e respondeu a todas as
questões com a tranquilidade que lhe é peculiar. Perguntado sobre o futuro dos
carros elétricos e híbridos no Brasil, afirmou que os híbridos ganharão marcado
mais rapidamente do que os seus pares eletrificados.
Habilidoso com as palavras, se
desvencilha das perguntas indesejadas com a mesma facilidade que dominava as
negociações com o
Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, no cargo de diretor de
Assuntos Institucionais da GM, ou negocia benefícios para a indústria automobilística
com o governo. Indagado sobre as razões do Brasil ser o único país entre os
BRIC’s a não possuir marca de carros, enfatizou que temos a Agrale.
Lembrado não se tratar de uma marca de
massa, a exemplo do que ocorre na China, onde há mais de cem fabricantes de
veículos automotores, sendo a maioria de grandes volumes, disparou: “é pode
ser, mas estão todos quebrando”. Um exagero, pois o mercado automobilístico chinês
é o maior do mundo, e está muito próximo do recorde global de venda de 20 milhões
de unidades em um único ano.
Desnecessário, evidenciar os volumosos
investimentos da indústria automobilística global naquele marcado. Sete em cada
dez novas fábricas inauguradas no mundo em 2012, ficaram na China. Além disso,
o VerdeSobreRodas esteve na convenção dos fabricantes Chineses, no final do ano
passado, e pode constatar o sucesso de marcas domésticas, a exemplo, da Great Wall,
Geely, Chery, JAC, Lifan, BYD, FAW, GAIG,
Changfen Motor, Hafei entre tantas
outras.
Para Moan, o fato das marcas de carros norte-americanas
e europeias estarem perdendo espaço no mercado brasileiro, enquanto as marcas asiáticas
crescem enormemente (cresceram mais de 65 por cento nos primeiros oito meses de
2013, comparado com igual período do ano anterior), é apenas um “soluço”. Ele
acredita que não demora muito e os fabricantes dos Estados Unidos e da Europa recuperarão
o terreno perdido.
De uma coisa podemos estar convencidos,
ser presidente de uma entidade do porte da ANFAVEA não é tarefa fácil,
especialmente em momento como o que a indústria automobilística brasileira vem
atravessando. Depois de décadas de mercado fechado, a entidade passou a contar
com a presença de novos fabricantes, a exemplo da Hyundai e Nissan. Além de
relevantes investimentos de marcas que operavam de forma acanhada no mercado
brasileiro, e que ultimamente vem crescendo significativamente, como é o caso
da Honda, Toyota e Renault.
Além disso, os interesses das marcas
nunca foram tão antagônicos, pois agora a indústria automobilística global
disputa market share e espaço por
novas tecnologias (a exemplo de carros híbridos, elétricos, célula de
combustível, gás, flex etc). Além disso, a crise europeia derrubou vendas, rentabilidade
e competir ganhando dinheiro na América do Norte, não é tarefa simples. Tudo
isso contribui para que as atenções se voltem para mercados como o brasileiro,
tornando o ambiente mais competitivo
Neste contexto, é sempre difícil agradar
alguns sem desagradas outros. Mas, isso é outra história, o que conta mesmo é
que os números da ANFAVEA, apesar da queda nas vendas em Agosto, continua nas alturas,
graças em parte, a sua inquestionável capacidade de negociar benefícios com o
governo brasileiro.
Ótima semana,
Evaldo
Costa
Escritor,
conferencista e Diretor do Instituto das Concessionárias do Brasil
Blog: verdesobrerodas.com.br
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